domingo, 19 de maio de 2019

A IGREJA:

 Jesus projetou, claramente, a existência duma sociedade de seus seguidores que daria aos homens seu Evangelho e ministraria à humanidade no seu Espírito, e que trabalharia pelo aumento do reino de Deus como ele o fez. Ele não modelou nenhuma
organização e nenhum plano de governo para essa sociedade... Ele fez algo mais grandioso que lhe dar organização — ele lhe concedeu vida. Jesus formou essa sociedade de seus seguidores chamando-os a unirem-se a Ele, comunicando-lhes, durante o tempo em que esteve no mundo, tanto quanto fosse possível, de sua própria vida, de seu Espírito e de seu propósito. Ele prometeu continuar até ao fim do mundo concedendo sua vida à sua sociedade, à sua igreja. Podemos dizer que seu dom à igreja foi ele mesmo. — Robert Hastings Nichols.

A palavra grega no Novo Testamento para igreja é "ekklesia", que significa "uma assembléia de chamados para fora".
 A palavra igreja é derivada do grego kuriake,que significa “pertencente ao senhor.”
A igreja, portanto, é uma reunião de pessoas chamadas do mundo, as quais professam e provam  submissão  ao senhor Jesus cristo.
A igreja é uma fraternidade ou comunhão espiritual, no qual foram abolidas todas as divisões que separam a humanidade. - "não há grego nem judeu": a mais profunda de todas as divisões baseadas na história religiosa é vencida; - "não há grego nem bárbaro". a mais profunda de todas as divisões culturais é vencida; - "não há servo ou livre". a mais profunda de todas as divisões sociais e econômicas é vencida; - "não há macho nem fêmea". a mais profunda de todas as divisões humanas é vencida. (Vide Col. 3:11; Gál. 3:28.)


Ilustrações da igreja. (a) O corpo de Cristo. O Senhor Jesus Cristo deixou este mundo há mais de dezenove séculos; entretanto, ele ainda está no mundo. Com isso queremos dizer que sua presença se faz sentir por meio da igreja, a qual é seu corpo. Assim como ele viveu sua vida natural na terra, em um corpo humano individual, assim também ele vive sua vida mística em um corpo tomado da raça humana em geral. Na conclusão dos Evangelhos não escrevemos: "Fim", mas, "Continua", porque a vida de Cristo continua a ter expressão por meio dos seus discípulos como se evidencia no livro de Atos dos Apóstolos e pela subseqüente história da igreja. "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós" (João 20:21). "Quem vos recebe, a mim me recebe" (Mat. 10:40). Antes de partir da terra, Cristo prometeu assumir esse novo corpo. Entretanto, usou outra ilustração: "Eu sou a videira, vós as varas" (João 15:5). A videira está incompleta sem as varas e as varas nada são à parte da vida que flui da videira. Se Cristo há de ser conhecido pelo mundo, terá que ser mediante aqueles que tomam o seu nome e participam de sua vida. Na medida em que a igreja se tem mantido em contato com Cristo, sua Cabeça, assim tem participado de sua vida e experiências. Assim como Cristo foi ungido no Jordão, assim também a igreja foi ungida no Pentecoste. Jesus andou pregando o Evangelho aos pobres, curando os quebrantados de coração, e pregando libertação aos cativos; e a verdadeira Igreja sempre tem seguido em suas pisadas. "Qual ele é, somos nós também neste mundo" (1João 4:17). Assim como Cristo foi denunciado como uma ameaça política e, finalmente, crucificado, assim também sua igreja, em muitos casos, tem sido crucificada (figurativamente falando) por governantes perseguidores. Mas tal qual o seu Senhor, ela ressuscitou! A vida de Cristo dentro dela a torna indestrutível. Este pensamento da identificação da igreja com Cristo certamente estava na mente de Paulo quando falou: "na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo corpo, que é a igreja" (Col. 1:24).

 O uso dessa ilustração faz lembrar que a igreja é um organismo e não meramente uma organização. Uma organização é um grupo de
indivíduos voluntariamente associados com um propósito especial, tal como uma organização fraternal ou um sindicato. Um organismo é qualquer coisa viva, que se desenvolve pela vida inerente. Usado figuradamente, significa a soma total das partes entrelaçadas, na qual a relação mútua entre elas implica uma relação do conjunto. Desse modo, um automóvel poderia ser considerado uma "organização" de certas peças mecânicas; o corpo humano é um organismo porque é composto de muitos membros e órgãos animados por uma vida comum. O corpo humano é um, embora seja composto de milhões de células vivas. Da mesma maneira o corpo de Cristo é um, embora composto de almas nascidas de novo. Assim como o corpo humano é vivificado pela alma, da mesma maneira o corpo de Cristo é vivificado pelo Espírito Santo. “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo” (1Cor. 12:13).

 Os fatos supra citados indicam uma característica única da religião de Cristo. Assim escreve W. H. Dunphy: Ele — e unicamente ele — dos fundadores de religião produziu um organismo permanente, uma união permanente de mentes e almas, concentradas em torno de sua Pessoa. Os cristãos não são meramente seguidores de Cristo, senão membros de Cristo e membros uns dos outros. Buda reuniu sua sociedade de "esclarecidos", mas a relação entre  eles não passa de relação externa, de mestre para com o aluno. O que os une é sua doutrina, e não a sua vida. O mesmo pode dizer-se de Zoroastro, de Sócrates, de Maomé, e dos outros gênios religiosos da raça. Mas Cristo não somente é Mestre, ele é a vida dos cristãos. O que ele fundou não foi uma sociedade que estudasse e propagasse suas idéias, mas um organismo que vive por sua vida, um corpo habitado e guiado por seu Espírito.

Os membros da igreja: O Novo Testamento estabelece as seguintes condições para os membros da igreja: - fé implícita no Evangelho e confiança sincera e de coração em Cristo como o único e divino Salvador (Atos 16:31); - submeter-se ao batismo nas águas como testemunho simbólico da fé em Cristo; e - confessar verbalmente essa fé. (Rom.10:9,10.)

A obra da igreja: 1. Pregar a salvação. A obra da igreja é pregar o Evangelho a toda a criatura (Mat. 28:19, 20), e explanar o plano da salvação tal qual é ensinado nas Escrituras. Cristo tornou acessível a salvação por provê-la; a igreja deve torná-la real por proclamá-la.
 2. Prover meios de adoração. Israel possuía um sistema de adoração divinamente estabelecido, pelo qual se chegava a Deus em todas as necessidades e crises da vida. Assim também a igreja deve ser uma casa de oração para todos os povos, onde Deus é cultuado em adoração, oração e testemunho. 
3. Prover comunhão religiosa. O homem é um ser social; ele anela comunhão e intercâmbio de amizade. é natural que ele se congregue com aqueles que participam dos mesmos interesses. A igreja provê uma comunhão baseada na Paternidade de Deus e no fato de ser Jesus o Senhor de todos. É uma fraternidade daqueles que participam duma experiência espiritual comum. O calor dessa comunhão era uma das características notáveis da igreja primitiva. Num mundo governado pela máquina política do Império Romano, em que o indivíduo era praticamente ignorado, os homens anelavam uma comunhão onde pudessem livrar-se do sentimento de solidão e desamparo. Em tal mundo, uma das características mais atraentes da igreja era o calor e a solidariedade da comunhão — comunhão em que todas as distinções terrenas eram eliminadas e os homens e mulheres tomavam-se irmãos e irmãs em Cristo.
4. Sustentar uma norma de conduta moral. A igreja é "a luz do mundo", que afasta a ignorância moral; é o "sal da terra", que a preserva da corrupção moral. A igreja deve ensinar aos homens como viver bem, e a maneira de se preparar para a morte. Deve proclamar o plano de Deus para regulamentar todas as esferas da vida e sua atividade. Contra as tendências para a corrupção da sociedade, deve ela levantar a sua voz de admoestação. Em todos os pontos de perigo deve colocar uma luz como sinal de perigo.

As ordenanças da igreja: O Cristianismo no Novo Testamento não é uma religião ritualista; a essência do Cristianismo é o contato direto do homem com Deus por meio do Espírito. Portanto, não há uma ordem de adoração dogmática e inflexível, antes permitindo à
igreja, em todos os tempos e países, a liberdade de adotar o método que lhe seja mais adequado, para a expressão de sua vida. Não obstante, há duas cerimônias que são essenciais, por serem divinamente ordenadas, a saber, o batismo nas águas e a Ceia do Senhor. Em razão de seu caráter sagrado, elas, às vezes, são descritas como sacramentos, literalmente, "coisas sagradas", ou "juramentos consagrados por um rito sagrado". Também são elas mencionadas como ordenanças porque são "ordenadas" pelo próprio Senhor.

A organização da igreja: É evidente que o propósito do Senhor era que houvesse uma sociedade de seus seguidores que comunicasse seu Evangelho aos homens e o representasse no mundo. Mas ele não moldou nenhuma organização ou plano de governo; não estabeleceu nenhuma regra detalhada de fé e prática. Entretanto, ele ordenou os dois singelos ritos de batismo e comunhão. Ao mesmo tempo, ele não desprezou a organização, pois sua promessa concernente ao Consolador vindouro deu a entender que os apóstolos seriam guiados em toda a verdade concernente a esses assuntos. O que ele fez para a igreja foi algo mais elevado do que organização: ele lhe concedeu sua própria vida, tornando-a um organismo vivo. Assim como o corpo vivo se adapta ao meio ambiente, semelhantemente, ao corpo vivo de Cristo foi dada liberdade para selecionar suas próprias formas de organização, segundo suas necessidades e circunstâncias. Naturalmente, a igreja não era livre para seguir nenhuma manifestação contrária aos ensinos de Cristo ou à doutrina apostólica. Qualquer manifestação contrária aos princípios das Escrituras é corrupção.
 Durante os dias que se seguiram ao Pentecoste, os crentes praticamente não tinham nenhuma organização, e por algum tempo faziam os cultos em suas casas e observavam as horas de oração no templo. (Atos 2:46.) Isso foi completado pelo ensino e comunhão apostólicos. Ao crescer numericamente a igreja, a organização originou-se das seguintes causas: primeira, oficiais da igreja foram escolhidos para resolver as emergências que surgiam, como, por exemplo, em Atos 6:1-5; segunda, a possessão de dons espirituais separava certos indivíduos para a obra do ministério. As primeiras igrejas eram democráticas em seu governo, circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos, e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja. (Atos 6:3-6; 15:22; 1Cor. 16:3; 2Cor. 8:19; Fil. 2:25.) Pelo que se lê em Atos 14:23 e Tito 1:5, poderá entender-se que Paulo e Barnabé nomearam anciãos sem consultar a igreja; mas historiadores eclesiásticos de responsabilidade afirmam que eles os "nomearam" da maneira usual, pelo voto dos membros da igreja. Vemos claramente que no Novo Testamento não há apoio para uma fusão das igrejas em uma "máquina eclesiástica" governada por uma hierarquia. Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade. Naturalmente os "Doze Apóstolos" eram muito respeitados por causa de suas relações com Cristo, e exerciam certa autoridade. (Vide Atos 15.) Paulo exercia certa supervisão sobre as igrejas gentílicas; entretanto, essa autoridade era puramente espiritual, e não uma autoridade oficial tal como se outorga numa organização. Embora que cada igreja fosse independente da outra, quanto à jurisdição, as igrejas do Novo Testamento mantinham relações cooperativas umas com as outras. (Rom. 15:26, 27; 2Cor. 8:19; Gál. 2:10; Rom. 15:1; 3João 8.) Nos séculos primitivos as igrejas locais, embora nunca lhes faltasse o sentimento de pertencerem a um só corpo, eram comunidades independentes e com governo próprio, que mantinham relações umas com as outras, não por uma organização política que as reunisse todas elas, mas por uma comunhão fraternal mediante visitas de delegados, intercâmbio de cartas, e alguma assistência recíproca indefinida na escolha e consagração de pastores.

O ministério da igreja: No Novo Testamento são reconhecidas duas classes de ministério:    1) O ministério geral e profético geral, porque era exercido com relação às igrejas de modo geral mais do que em relação a uma igreja particular, e profético, por ser criado pela possessão de dons espirituais. 2) O ministério local e prático local porque era limitado a uma igreja, e prático, porque tratava da administração da igreja. (a) O ministério geral e profético. 1) Apóstolos. Eram homens que receberam sua comissão do próprio Cristo em pessoa (Mat. 10:5; Gál. 1:1), que haviam visto a Cristo depois de sua ressurreição (Atos 1:22; 1Cor. 9:1); haviam gozado duma inspiração especial (Gál. 1:11,12; 1Tess. 2:13); exerciam um poder administrativo sobre as igrejas (1Cor. 5:3-6; 2Cor. 10:8; João 20:22, 23); levavam credenciais sobrenaturais (2Cor. 12:12), e cujo trabalho principal era estabelecer igrejas em campos novos. (2Cor. 10:16.) Eram administradores da igreja e organizadores missionários, chamados por Cristo e cheios do Espírito. Os "doze" apóstolos de Jesus, e Paulo (que por sua chamada especial constituía uma classificação à parte), eram apóstolos por preeminência; entretanto, o título de apóstolo também foi outorgado a outros que se ocupavam na obra missionária.            A palavra "apóstolo" significa simplesmente "missionário". (Atos 14:14; Rom. 16:7.) Tem havido apóstolos desde então? A relação dos doze para com Cristo foi uma relação única que ninguém desde então pôde ocupar. Sem dúvida, a obra de homens tais como João Wesley, com toda razão, pode ser considerada como apostólica. 2. Profetas. Eram os dotados do dom de expressão inspirada. Desde os primeiros dias até ao fim do século constantemente apareceram, nas igrejas cristãs profetas e profetisas. Enquanto o apóstolo e o evangelista levavam sua mensagem aos incrédulos (Gl 2:7,8), o ministério do profeta, era particularmente entre os cristãos. Os profetas viajavam de igreja em igreja, tanto como os evangelistas o fazem na atualidade; não obstante, cada igreja tinha profetas que eram membros ativos dela. 3. Mestres. Eram os dotados de dons para a exposição da Palavra. Tal qual os profetas, muitos deles viajavam de igreja em igreja. (b) O ministério local e prático. O ministério local, que era nomeado pela igreja, com base de certas qualidades (1Tim. cap. 3), incluía os seguintes: 1. Presbíteros, ou anciãos, aos quais foi dado o título de "bispo", que significa supervisor, ou que serve de superintendente. Exerciam a superintendência geral sobre a igreja local, especialmente em relação ao cuidado pastoral e à disciplina. Seus deveres eram, geralmente de natureza espiritual. Às vezes se chamam "pastores". (Efés. 4:11, Vide Atos 20:28.) Durante o primeiro século cada comunidade cristã era governada por um grupo de anciãos ou bispos, de modo que não havia um obreiro só fazendo para a igreja o que um pastor faz no dia de hoje. No princípio do terceiro século colocava-se um homem à frente de cada comunidade com o título de pastor ou bispo. 2. Associados com os presbíteros havia um número de obreiros ajudantes chamados diáconos (Atos 6:1-4; 1Tim. 3:8-13; Fil. 1:1) e diaconisas (Rom. 16:1; Fil. 4:3), cujo trabalho parece, geralmente, ter sido o de visitar de casa em casa e exercer um ministério prático entre os pobres e necessitados (1Tim. 5:8- 11). Os diáconos também ajudavam os anciãos na celebração da Ceia do Senhor.  - Myer Pearlman.(grifo nosso)

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